sábado, 31 de março de 2012

Alma versada




Alma versada


Sim minha alma é versada, minha historia narrada
pela voz do indouto
Mãos do tato empírico escrevem em prosa
compondo em versos os fatos toscos

Sabedoria prima, obra divina
contato intrínseco desvendo a vida
com minha rima

Como uma ogiva de palavras
desfiro contra a vaidade
mudando mentes em seus atinos
arremetendo a simplicidade

Profiro simples, falo solene
discurso a verdade com maturidade,
conquista perene

Em fábulas, contos, falácias ou causos
do real a ficção promovo a emoção
em total veracidade
me valho até de jargão, adendo aos
proventos das minhas faculdades.


Nadja Matoso – Delatora do amor


Pirateou meu coração





Pirateou  meu coração


Sons dos mares anúncios do amor
impelido por ondas teu navio chegou
o cais é o palco desta maestria
do baú dos meus sonhos
da real fantasia

Sonho com o pirata que roubou meu coração
corro e me debruço nas águas
mergulho inteira, rebuçada ilusão

Respiro ofegante o ovacionando
palpita a mil o meu peito
ao vê-lo perto chegando

Trazendo das águas presentes
de pratas correntes que enfeitam meu peito
recompenso com o leito
que lho preparei

Toma-me em teus braços oh! meu doce pirata
me leva a tua embarcação príncipe das regatas
contemplas ao meu corpo rasga-me a bata

Mergulha em meu fosso
nada em minhas entranhas
rende-te aos meus desejos
cumpre tuas façanhas

Toma, leva o que quiser
rouba, deixo pra teu proveito            
despojar  tudo desta mulher

Dos meus baús  dou-te minhas riquezas
dos teus sabores sacia-me, a avareza
me encanta tanto tua beleza
depressa vai sem que eu te veja...

Ao longe o avisto voltando ao mar
as águas tornas a navegar
novamente suspiro até chegar
momentâneo  retorno
pra outra vez me amar.


Nadja Matoso - Delatora do amor






Paixão fugaz


                   


Paixão fugaz

Paixão sentimento fugaz
Que encandeia o coração,
entorpece o sentido e burla a razão,
Tudo é lindo intróito delirante,
Promessas emotivas,argumentos dominantes

Doce perfídia nos torna complacentes
diante de ultrajes ingentes
que desnorteiam e iludem
a alma da gente

Risos, lisonjas, palavras decoradas,
intenções latentes, horas marcadas,
toques afáveis, aparente inocência,
alvo logrado e de saldo dolência

Mas a vida traz alívio contrastando o dissabor,
ainda que profunda a cisão e remoção do mal que enraizou, pra que no enfermo coração seja
plantado o antídoto, a semente do amor.



Nadja Matoso - Delatora do amor 


Deus exaltado





Deus exaltado

Os céus proclamam   sua glória
as montanhas se encurvam a ti
os lírios dos campos exalam seu perfume
exaltam a grandeza do teu existir

Os mares revolvem e te engrandecem
os rios derramam e te enaltecem
do ocaso ao amanhecer tudo se move pra teu prazer

A tudo dominas não há limites
nenhuma folha cai se tu não permites
os ventos sibilam  louvando teu nome do sopé ao cume dos montes

Os animais vivem aos teus cuidados
dependem das tuas mãos
os teus olhos estão sobre a terra
nada foge a tua atenção

Tua grandeza excede todo entendimento
teu poder enche a terra e o firmamento
aos homens concedes conhecimento
poderes, riquezas, recurso, alimento

Os anjos se prostram
os animais por ti bramam
a criação te louva
teus filhos te amam.


Nadja Matoso - Delatora do amor

Humanidade néscia




Humanidade néscia



A humanidade insana com o próprio arco 
a si mesma flechou orgulho desmedido
cada um seu "deus"criou 

Faces da rebeldia,toda a terra contagia
cada um com sua lei
da "pureza" a orgia

Declina a criação na sua vaidade
desfazem dos preceitos de Deus
desprezam a sua vontade

Soberbos, profanos, infiéis
idólatras, tiranos, cruéis
enfermos movidos pelo engano
se exaltam em seus próprios planos

Fechados ao conhecimento
caminham errantes de tempo a tempo
tormentos lhes cercam dia após dia
cresce a dor, angústia agonia

Guerras, conflitos balburdias banais
homem ferindo homem
se igualam aos animais
Buscam livrar-se de suas mazelas
suas crises, suas feridas
perdem o amor próprio
no desespero até mesmo tiram a vida

Traumas, doenças, miséria
fome, pobreza, matança
epidemia, problemas, sequelas
por certo é sua herança 

Confusa anda se entregando ao inimigo
presa fácil iludida por cegueira
guiada a caminho do perigo

O abismo abre a boca faminto
esperando consumi-la
a espreita do homem desgarrado
que no caminho o pé vacila

Laçados por medo e aflição
perplexidade, tristeza nas faces
tremores nas mãos
recorrem aos seus "deuses"
que mortos estão
distantes de Deus 
não há salvação

Clama humanidade
prostra-se diante d`Ele
despe-se de tua vaidade
abre mão do teu orgulho 
e aceita a Verdade!!! 


Nadja Matoso - Delatora do amor

Alma de poeta




Alma de poeta



O poeta alma secreta, tiro na reta que acerta o peito


Destreza sutil, emoções 
a mil, desnuda a pele do preconceito,
Voz retumbante firmeza constante 
amor pelo belo, não se refreia


Doçura calmante, ardente, vibrante
mostrar o recôndito por isso pleiteia,
Alma de poeta fina estampa, 
cor seleta enaltece quem lhe rodeia


Ouvidos sensíveis, de sons impossíveis 
compõe a música que nos incendeia,
Malícia gentil, loucura febril 
em contato com sonhos que lhe permeiam


Envolve as mentes e bem convincente
nos tira do mundo da solidão, 
nos leva a outro nível, de puro delírio,
o medo desfaz, afronta a razão


Alma de poeta arma potente, 
nas mãos do eterno é uma explosão,
Sabedoria atraente, poder eloquente
muda o mundo sem imposição,
sua voz fala tudo,
suas visão muda a fundo
de forma veemente
qualquer coração.

Nadja Matoso - Delatora do amor








Náufragos


               

Náufragos


Somos náufragos no mar da dor
Desesperados em nossos anseios
mas equânimes nos momentos de dissabor

Deveras mutuamos nossos corações
De maneira débil nos entregamos às paixões
Inconseqüentes não evadimos nossos sentimentos
Trocamos a segurança por folguedos, momentos

Destino feloneo, marcas indeléveis
Choro incontido forças inertes

Tentativas fracassadas ao buscar uma saída
Fragmentadas vidas, vidas repartidas

Fomos segregados numa ambiência fraternal
Desejos ambíguos tortura fatal

Impossível elucidar o sentimento que restou
Dificilmente se achará o que incólume ficou
Mas ainda assim quero me arriscar
Preciso viajar no oceano do amor.


 

Nadja Matoso- Delatora do amor
 

Voz da história




Voz da história

Muda-se o cenário 
ou mudam-se os atores?
oh nação de vagas memórias,
tua trajetória é de horrores.


Homens se levantam 
com seus discursos envolventes,
mentem com lisuras,
recrutam seus dementes,
lhes empobrecem as idéias,
forjam caráter em covis 
alcateias.

Todo sábio é um tolo,


todo atento um vilão,


e a tolice o fomento

 
dispersada na multidão.

Cicatrizes ainda abertas, 


sangue vozes a ecoar,


gemidos dos mártires cobram justiça,


medo nos olhos a quem escutar?

Voz da história

 
que clama mudança


ou voz que impera na insegurança?

Tempo do engano por baixo do pano,


intentos escusos encobrem,


água, tijolo um pedaço de pão,


justa ilusão pobre do pobre!

Mudança queremos


não sabemos de onde virá,


arrisca o homem sua carta guardada,


na urna lançada, Deus saberá.


Nadja Matoso - Delatora do amor

Porto cálido



Porto  cálido

Porto cálido moreno
navegava eu há muito ansiosa 
a  querer te encontrar

Quisera eu morrendo de amor 

e desejo, ardendo em teu corpo atracar

Avistando-te estremeci

encorajei-me a prosseguir
até em tuas encostas chegar

Suspirar eu iria até que 

em tuas águas frias
viesses meu corpo banhar

 Perdida em teus encantos 
seguiria em soprano 
teus sons afáveis cantar

Embalar-me em tuas correntes

movida por doçuras tocar-te
plainando em carícias bailar

Dançando contigo
neste mar infinito
Sussurrar em teus ouvidos 
loucuras calientes
até naufragar e presa ao fundo
no teu doce cais ancorar. 

Nadja Matoso - Delatora do amor

Revelações do tempo




Revelações do tempo

Tempo inimigo que tão longo e fingido
escondeste de mim meu grande amor

Tempo que me enganou
que passou por meus dias trazendo-me
tanta dor

Tempo que vivi sozinha que dispersa e vazia
uma vida sem sabor

Tempo que passava
que corria e me atrasava
na estrada que escolhi

Tempo que era sábio que não me permitia
em angustia e agonia parar, desistir

Tempo que se revelou
que depressa se ocupou
em trazer-te para mim

Tempo que me fez entender
que o tempo faz vencer
se então eu persistir

Tempo que ajuda que o meu olhar muda
mostra-me a ti
tempo que é nosso aliado
que agora meu amado é teu até o fim.

Nadja Matoso - Delatora do amor





Respostas


                 

Respostas

Porque?
Palavra que insiste em permear minha alma
Se palavras pudessem resolver
Mas do que ouvir eu quero tocar, sentir
Há uma linguagem profunda no toque das mãos
Que comunica sentidos sem gerar confusão
Na multidão das palavras há promessas incabíveis
Planos impensados sonhos impossíveis
Ah como fazer entender o que esta tão claro
Que por inúmeras tentativas em falácias se passaram
Quanto tempo perdido em tentar encontrar soluções
Apelos insanos incrustados de emoções
Incertezas acompanham esta
complicada relação amor e desejo
medo e paixão

Fundem-se em uma entrega desnorteada e ardente
Desconhecendo limites quebram barreiras
Transpõem embates cometem asneiras

A razão é posta fora
Convida-se o amor e o prazer
Na solidez do momento oportuno
Aproveita-se o bem querer
A atmosfera conspira a favor deste intento
Onde tudo pára por um único movimento

O mover dos corpos que inundados de ardor
Envoltos em calafrios
Completam-se em fervor
Consomem –se em caricias 
Embriagam-se em malicias
Há uma explosão de respostas que iluminam o caminho
Onde verdades vão sendo expostas
Distancias amenizadas
inquietações se equilibram
o coração se regala.

Nadja Matoso - Delatora do amor


Intentos de mulher



Intentos de mulher

Se eu te amar não me negues teu afeto
pois ainda que perpétuo
não irão me completar

Se temeres a intensidade
e o alavancar de minha libido
te prometo meu querido
eu não vou te devorar

Ceda- me teu corpo e esqueça o transtorno
que a vida pode causar
deite-se comigo e deixe-se dominar

Conte-me teu segredo
e mostre-me teu desejo
libere-se pro amor
e deixe tudo rolar

Mova-se, sue, grite comigo
sonhe, vibre e deixe seu intimo
livre em meus braços pra te saciar

Construa comigo um lar de delícias
fazendo do gesto e de cada carícia
a base do sonho pra concretizar
e erguendo as colunas
com carinho e ternura
paredes de amor irão nos cercar

Vestir o respeito, adornar nosso peito
a sinceridade irá nos guiar
na falha o perdão irá consertar
vivendo você vivendo em mim
longuras de vida iremos gozar.


 Nadja Matoso - Delatora do amor

Espera



Espera

Das campinas agrestes virá 
aquele que espero
saltando entre os montes sua beleza venero
distrai-me as flores com seu perfume encantador
enquanto não chegas meu querido amor

Deitar-me no campo irei eu
Sossegar, fechar os meus olhos
e contigo sonhar
e sonhando te vejo veloz pelo vento
depressa chegando alivio alento

Adormecida me encontrarás
porque ansiosa não pude aguardar
então em teus braços irei despertar

Com um beijo te recebo
Te envolvo em meu carinho
Derramando em teu peito por todo caminho

E quando adentrarmos ao nosso canto
Deleitaremos o amor e todo encanto que
O homem e mulher podem gozar.

Nadja Matoso - Delatora do amor


Saudade que mata



Saudade que mata

Vai avante meu grito, rasga o horizonte meu clangor,
penetra ao fundo os ouvidos, desperta a atenção do meu amor,
se acaso falhe em teu destino
vai, espera o sol se pôr

Na calada da noite
calada sinto na pele o frio da tua ausência,
confesso ao quarto meu sofrimento,
aos meus lençóis minha carência

A madrugada me faz companhia nesta longa brevidade,
mistura de sono, cansaço,
desejo, sonho, saudade...

Manha da manhã que tarde chega
se destacando do entardecer,
me cerca o gozo por ter certeza
que logo mais irei te ver

Chegada a hora que tu se achegas,
a alegria adentra a porta,
se tu demoras mais um minuto
me encontrarias de amor, morta!

Nadja Matoso - Delatora do amor

Depende de mim






Depende de mim

Eu em mim oscilante
eu em mim dominante
me ordeno que avance
no caos do meu existir

Eu em mim me contemplo
eu em mim me alento
me refaço dos pedaços
que a vida pôde feir

Eu em mim me alerto
eu em mim me supero
me levanto dos flagelos
que tentam me sucumbir

Eu em mim me renovo
eu em mim me desdobro
sacudo a poeira dos ombros
e luto pra prosseguir

Eu em mim me encontro
eu em mim me aponto
coragem no peito, motivo
empenho pra não desistir

Eu em mim descubro a beleza
eu em mim enxergo a grandeza
a força que de dentro emana
me faz pressentir

Eu em mim tenho tudo
eu em mim resoluto
se eu em mim absoluto
olhar pra dentro então ser feliz                 

Eu em mim crio um mundo mais lindo
eu em mim vou vivendo e sorrindo
exalando alegria desfrutando o amor
eu em mim vejo a vida com outro valor

Eu em mim refaço a história
eu em mim faço de novo
trago à memória de um vencedor
de um ser ditoso.

Nadja Matoso - Delatora do amor

Momentos


Momentos

Ah! crepúsculos solitários
dos meus dias soturnos
visões ignotas são a minha companhia

Remotas lembranças que pungem meu coração
e laceram minha alma com dolência e fadiga
Degredo perpétuo a minha vida murmurejante e plangente
vai se inserindo num contexto fadado e dormente

O ocaso deslumbrante
provoca uma intensa nostalgia
capaz de arrefecer meu ser
contrapondo-se as congruências
tão diligentemente conquistadas
em minha introspecção
permutadas de forma esdrúxula
por um efêmero momento lírico


Funestos pensamentos me invadem
no afam de libertar-me do cárcere opulente da paixão
que lentamente consegue me exaurir
contudo não há êxito
por ebulir no meu interior
a melodia que ecoa dos teus lábios
chamando-me de amor.

Nadja Matoso - Delatora do amor


Perfume de Mulher


Perfume de mulher



Fragrância que declina minha face,

pelo olfato me adentra as veias,
me enlouquece,
meu corpo laça, me entorpece em suas teias

Sensível aroma de forte nuance,
provoca o sentido me toma em romance,
me invade o intimo a tua essência,
senti-la irei com paciência,
calêndula , sândalo, madeira em flor
suaviza o ar tua fragrância,
pulveriza minha pele com teu frescor

Mantêm- me preso ao teu destilar,

vicia teu cheiro meu inalar,
cheiro do encanto, provoca-me tanto
riquezas continuas de emoções,
divagas nobre teu exalar,
oh excelência das criações!

Compará-la impossível é indivisível

em outro compasso poder achar,
as flores se curvam em reverência,
odor majestoso nelas não há

Manifesta a magia de marcante alquimia

substância da vida a impregnar,
transfunde o instinto, leveza que sinto,
pureza tão forte a se alastrar,
teu cheiro desejo, ternuras, gracejos
teus beijos delícia, hálito talar.



Nadja Matoso - Delatora do amor