quinta-feira, 31 de maio de 2012

Amor tórpido


Amor tórpido

Terra que brama as frívolas

embevecidas dos amantes,
árvores que são baluartes de encontros absconsos,
testemunham os disparates que ante o desejo ébrio
se descambam dos lábios convulsionantes.

A ampulheta apressa-se em conceber o tempo,

contra o desejo desenfreado do amor continuo,
pontualidades no aprazimento,
irregularidades sistêmicas, 
faces do possuir clandestino.

Céus riscados de ira,

brisas odorizadas de magoas,
sol que arde no calor do ódio,
estrelas que reluzem o torpor das almas.

Ferraz agonia dos amantes,

corrompem o belo em trágico, 
corroem os atributos do amor
em ações expugnadas,
roubando o seu âmago mágico.

Contravenção dos que se opõem as leis coerentes,

inflando conceitos hostis, 
velando atos improcedentes,
amores que não são sagrados,
auto-condenados... 
terminam entre correntes.  

Nadja Matoso - Delatora do amor


sábado, 19 de maio de 2012

Torrenciais da graça



Torrenciais da graça

Sinto rasgada a seda celeste sobre mim,

O manto da graça me envolve,
brandura protetora, aconchego inefável,
conforto impermutável são os teus envólucros
de misericórdia. 
No frio torturante do inverno,
trazendo-me a segurança da tua habitação 
em face ao temor do inferno.
Faz- me sentir teu coração bater 
junto ao meu peito,
queima o teu amor por mim.
Flamejar o meu nome...
E nesses sentires de emoções,
ávido amor teus braços ensejam vida,
me acolhem com a força de um desejo ardente
em consumir-me em teu afeto paternal.

Desejo imutável,
quanto mais vertes sobre mim o teu rio
as tuas fontes brotam pela magnitude do teu poder,
mananciais de bondade fluem do teu interior
saciam minha sede,
resfriam-me do ardor da injuria,
encharca o meu coração ressequido e quebrado
pela opressora tribulação.
conduz-me encharcada por teu amor 
a dançar nos teus átrios, 
faz-me plainar sobre os abismos,
faz-me sentir como um anjo
leve e santo,
limpo por teu sangue
que vermelho lava meu pecado
e muda meu pranto...
e andar em fé sobre pedras afogueadas,
brasas cálidas não me queimam mais que teu doce
e abrasador amor por mim.
A segurança e conforto dos teus braços não se comparam
As mansões laicais,
a tua voz melíflua me convida 
a embriagar-me em tuas taças de santidade, 
me cercas de força teus livramentos,
me enlaças em teus cuidados,
me engrandece a alma teu conhecimento, 
refaz meu ser quebrado,
mutilado e insatisfeito com meu estado natural,
estar em ti não se explica,
não se compara, é graça sem medida, é sobrenatural,
favor imerecido, amor PATERNAL!

Nadja Matoso - Delatora do amor



quarta-feira, 9 de maio de 2012

Rompeu-se entre nós

Rompeu-se entre nós

Há uma ponte quebrada em nosso caminho,

um desejo me sitia na noite,
me destroça como cana no moinho

Sentimentos desobedecem a geografia,

perpetuam-se no tempo
alimentando a fantasia

Há um caminho que um de nós

vai percorrer...
solicito, obstinado, obcecado
sem congruência,
conveniência...
transpondo as consequências

Chuvas tempestivas molharam 

a estrada...
transtornando a caminhada

Percorro, percebo o descuido,

a ponte está quebrada
ligando o infortúnio

Não há como chegar do outro lado,

há um limite imposto entre nós,
volto vestindo a frustração,
face abrandecida,
vereda vencida
sem rastro de voz... 

Nadja Matoso - Delatora do amor



terça-feira, 1 de maio de 2012

Não ser , nem sei se sou!



Não ser, nem sei se sou! 


Não sou de meias palavras,
de falar asneiras,
de meios termos,
de trama inteira.


Não sou de meio sentimentos,
de viver em lamentos,
de total sanidade,
de burlar a verdade.


Não sou de aceitar só um pouco,
de viver em sufoco,
de querer só metade,
de dispensar a variedade.


Não sou de ficar no caminho,
de descansar um cadinho,
aventureira sem causa,
de perder uma pausa.


Não sou de intermediar conceitos,
de tirar proveitos,
de inflamar, 
ou me calar.


Não sou a pessoa mais certa,
a mais incorreta,
a mais equilibrada,
a mais desaforada.


Não sou a mais inteligente,
a mais incoerente,
a mais imprudente,
a mais inocente.


Não sou a mais desagradável,
a mais amável,
a mais querida,  
a maior inimiga.


Não sou e não ser é um fato,
não mudo, nem trato
o meu ser abstrato.


Nadja Matoso - Delatora do amor