domingo, 6 de novembro de 2022

Profusão





A porta sempre esteve entre aberta, flexes de luz e escuridão perpassavam a fresta...

Olhares altivos desapercebidos atravessavam sem ao menos saber que ali existiam sonhos adormecidos,

A quietude por traz da estrutura era como ópio que entoepecia, afastava a insanidade de abrir-se a fortuita companhia,

Mundo secreto, sentimento tal concreto ao instinto prendia, de tão frio e firme, seleto, ser penetrado não poderia,

Atentara ao inócuo que subitamente lhe inferia aceitável, abriu-se sem qualquer pretensão...

A porta está escancarada, as paredes encharcadas com a vulcânica invasão, não há mais espaço que seja penetrado sem que que faça se faça estrago ao que dantes fora incólume, derribado ao chão,

Deveras fosse uma sentença perpétua, daquelas que traga o tempo como um charuto nobre, desgustando a cada minuto o sabor da descoberta... 

Petrificando o espaço laxo, sem temores nem dores em vivaz profusão. 

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Ela

 Ela


Tem que ser educada, 

que ser delicada

ser atraente

e transparente

convicente

Ser poderosa sem usar armas

audaciosa sem armadilhas

criteriosa com as palavras 

vitoriosa sem fazer guerrilhas...

Tem que ser autêntica despida de vaidade, cautelosa pra não virar sequência, ser sutil em demonstrar ausência 

e mestre em fazer-se saudade...

Deixando o rastro que devora os passos famintos por pistas que refaçam os caminhos que levem a fins distintos, revelando a  raridade.


Tem que ser fêmea, efêmera e frágil. 


Poema de Nadja Matoso.

terça-feira, 21 de abril de 2020

É tempo



É tempo

Hoje eu acordei varrendo o meu  pensamento, parei de reclamar e pude analisar há tempo, que cada minuto importa, o relógio não espera, as coisas vão indo embora e o que nos resta...

Tempo lamento não perceber,
Tempo entendo, chegada a hora de aprender

Tempo de fazer as coisas que eu não tinha tempo,
Tempo pra sair lá fora e sentir o vento,
Tempo de acordar e me levantar pra vida, tempo de limpar memórias pra curar feridas

É tempo de levar a vida devagar,
É tempo de acordar os sentimentos,
É tempo de rever, fazer acontecer o que lá dentro, realmente importa...

É tempo de sonhar e recomeçar,
É tempo de viver e de despertar, pra honrar os pais, unir com os irmãos, e de perdoar, limpar o coração

É tempo de sonhar, na vida se entregar

É tempo de encontrar motivo pra calar e agradecer, é tempo de abrir a porta e receber o que importa, e entender que o tempo só existe por você...

É tempooooo

Nadja Matoso - Delatora do amor.

domingo, 2 de dezembro de 2018

VAZIO



Vazio que de tão cheio,
transborda o coração de tormento
na imensidão de incertezas
que se colidem peito a dentro,
bagunçando ainda mais o caos
como se ainda houvesse chão...

Pedaços caídos, de papel,
de resquícios de estações,
de corações, de sonhos perdidos,
de mágoas vertidas em lágrimas
de forças vencidas na angustia dos dias de solidão...

Queixas constantes de uma alma transgredida,
que um dia quis iludida,
sair a deriva nos descaminhos da vida
buscando em outras almas se encontrar.

Esbarrou-se em seus fracassos
o que lhe causou espanto,
quebrado sem vida, lhe restava o medo de
voltar a si, nesta estrada tortuosa  e sufocar o pranto
e contentar-se em viver sem resposta,
conviver com a dor e o desencanto.

Nadja Matoso - Delatora do amor.


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Alquimia



Alma iluminada
por milhares de pensamentos,
que reluzem como estrelas, 
ascendendo o caminho ao encontro
do olhar, que do céu ao mar brilha igual
constelação.

Como um satélite que governa o dia
teus olhos iluminam o abismo
de um universo esquecido,
adormecido pela ausência
da luz que seduz e desnuda o intimo.

Tal como um choque de forças cósmicas
rasgando a escuridão, cintilando o firmamento,
as estruturas sofreram o impacto
do verdejar dos teus olhos
enchendo o céu de emoção.

Golpe do destino
que desatino,
como uma profusão da alquimia,
a química dos teus olhos
derreteu o gelo do peito,
e transformou em labareda ardia.

Luz que fascina,
teu olhar norteia o instinto,
guiando o desejo a saciar o ego faminto.

Nadja Matoso - Delatora do Amor


segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Caricatura do saber


Caricatura do saber

A humanidade insana com o próprio arco, 
a si mesma flechou, orgulho desmedido
cada um, seu "saber" criou 

Declina o homem na sua vaidade,
desfazem dos preceitos de Deus,
renascem da própria vontade,
o homem passa a ser 
o centro em si mesmo,
não conhece o seu interior 
mas quer desvendar a sociedade

Ávidos por conhecimento
caminham errantes de tempo em tempo,
tormentos lhes cercam dia após dia,
cresce a dúvida, angústia, agonia

Guerras, conflitos, balburdias banais
não importa se é verdade ou mito,
já dizia Platão: por detrás da caverna há imagens reais

Homem ferindo homem
se igualam aos animais,
Buscam livrar-se de suas mazelas
e suas crises existenciais 

Buscam o domínio próprio, 
vislumbram a evolução 
com a visão distorcida, 
desenfreados pelo poder,
constroem progressos 
destruindo a vida

Confusa anda,
na busca incessante de uma verdade  
presa fácil, iludida por cegueira,
guiada no obsuro, perdendo a sanidade

O comunismo abre a boca faminto
esperando consumi-la
a espreita do homem desgarrado
que no caminho o pé vacila

Laçados por incerteza 
a desigualdade gera aflição
pela fome que lacera, 
a razão ignoram,
recorrem aos "burgueses"
por um pedaço de pão


Faces da filosofia,
toda a terra contagia
cada um com sua falácia
da "ciência" a fantasia

Desbanalizando o banal 
o ser humano se desvenda, 
nasce do ambiente social
e à humanidade emfim se apresenta.




Nadja Matoso - Delatora do amor 
Participação especial Ingrid Costa, readaptação do poema autoral.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Chamas da misericórdia



Chamas da Misericórdia


Como orvalho que refresca
a relva da manha
tu encharcou meu coração
uma fonte de vida e salvação
jorra no meu interior e o que era
seco transbordou

Como fornalha que não cessa
teu fogo ardeu meu coração
com fagulhas de misericórdia
abrasando meu interior
com o fogo dos teus olhos

Chamas de eternidade
me consumiram, purificaste
o que em mim estava sujo
provaste-me como ouro
e achaste em mim
incomparável valor

O calor do teu abraço
quebrou minha alma gelada
fria pelo pecado
desolada pela solidão

Agora queima em mim
aquece -me
abrasa-me
com as chama
do teu altar Deus

Lava-me
sacia-me
refrigera-me
com as águas dos teus rios

Faz-me transbordar o teu amor
por onde eu for
onde eu passar, tuas águas vivas
gerem vida
ateie fogo
pra transformar

Purificado fui
provado e aprovado
agora faz-me ir
e cumprir o meu chamado.

Nadja Matoso - Delatora do amor









quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O entorpecer da alma



O entorpecer da alma

A  paixão é como doença,
infecta a todo que inala 
a brisa da sua sutileza

Adoece lentamente,
sintomaticamente 
com gentilezas

Como um vulcão 
que desperta sem aviso,
tão avassalador quanto um terremoto,
é chegada de incertezas

Travando embates com 
a consciência,
tomando de assalto a 
resistência
arrastando ao chão a paz, 
a driblando a razão 
em total persistência

Sua tese é convincente
persuadir a alma é o seu maior labor,
de que negar o fato é tempo perdido
e lançar-se ao laço é o descobrir o amor

Ela diz que um carinho reconstrói a vida
reafirma, e tece uma linha 
invisível na imensidão
unindo pessoas e furtando tempo
alojando segredos no coração,
entorpecendo com o poder de um abraço,
na ternura de uma palavra doce
acalentando sentimentos,
entrelaçando destinos 
fadados a solidão.

Nadja Matoso - Delatora do Amor

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Repouso



Repouso

Se só tenho essa vida não quero desperdiça-la,
quero vivê-la!
a cada manhã, a cada fim de tarde,
a cada noite que beija meus sonhos
e se enamora do meu corpo entregue ao sono.

Se um dia meus sonhos despertarem,
de uma a coisa tenho certeza!
a única riqueza que quero possuir
é a grandeza de estar feliz,
estando a sós comigo mesma.

Se minhas asas fossem maiores e mais fortes
ao ponto de alçar um voo alto
e não houvesse perigo de cair,
voaria para onde os meus olhos achassem pouso,
e um repouso seguro, longe de tudo e perto da paz.

Nadja Matoso - Delatora do amor


quarta-feira, 1 de março de 2017

Nunca ouça os "anjos"


Nunca ouça os "anjos"

Sua voz é como uma trovoada
que sibila dores,
sons que se degradam
como arpejos tocados no ermo.
Até quando sussurras,
feres com sutilezas vencidas,
destilando veneno
em forma de cortejos falidos.
Ouvir-te causa dano a alma,
sua intrepidez rasga o silêncio
quebrando o limiar da paz,
à brandura foges e a calmaria desfaz.
Noutro tempo eras benevolente,
complacente suavizava tudo ao redor,
mantinhas ares de anjo,
falavas como arranjos
tocados em pormenor.
Assombras com lembranças
torturas com ataques a consciência,
quem dera não tivesse dado ouvidos
não sobreviria total penitência.

Nadja Matoso - Delatora do amor




sábado, 27 de agosto de 2016

Olhos de Oceano




Teus olhos
são como portais, 
não bastasse a cor exaltar o céu,
o mar profundo,
a frieza com que olhas
aplaca e suaviza o tédio,
instigas mergulhar sem medo
na profundidade de outro mundo

Ondas que impelem 
desnorteando sem piedade, 
arrasta os sentidos 
toma se assalto a sobriedade,
leva ao fundo em vagarosa imersão
mistérios dissolutos... 

Vi refletidos meus olhos 
na cadeia de luz 
que dos olhos 
faz vazar imaginação
como num delírio 
martírio que seduz

Risco eminente 
focar esta cortina estonteante
que de mar a céu confunde,
como um convite irreplicável
conduz com tuas distrações
ao perigo constante

Há cores mais plácidas
que não despertam nem afogam,
não revelam nem sufocam
como o azul gelado 
do teu olhar oceano.
Nadja Matoso - Delatora do amor