quarta-feira, 1 de março de 2017

Nunca ouça os "anjos"


Nunca ouça os "anjos"

Sua voz é como uma trovoada
que sibila dores,
sons que se degradam
como arpejos tocados no ermo.
Até quando sussurras,
feres com sutilezas vencidas,
destilando veneno
em forma de cortejos falidos.
Ouvir-te causa dano a alma,
sua intrepidez rasga o silêncio
quebrando o limiar da paz,
à brandura foges e a calmaria desfaz.
Noutro tempo eras benevolente,
complacente suavizava tudo ao redor,
mantinhas ares de anjo,
falavas como arranjos
tocados em pormenor.
Assombras com lembranças
torturas com ataques a consciência,
quem dera não tivesse dado ouvidos
não sobreviria total penitência.

Nadja Matoso - Delatora do amor