Interferência
Ela conheceu a dor e a tristeza ainda criança,
concebeu sorrisos falsos
escondidos por trás da beleza de suas tranças
Nos seus afazeres vertia insatisfação
dos seus olhos abatidos, na face languida
cada gota de suor lhe trazia a penosa
agonia da injustiça, nomeada de obrigação
O cansaço lhe consumia o vigor
o acúmulo de responsabilidades lhe
interferia a infância, no medo forjava
forças nas pressões a esperança
Sua voz não se ouvia,
pois certamente não davam valor,
seus conceitos foram mudando
no desfazer da expectativa que na sua
inocência, um dia criou
Direitos? pudera ela exigir?
brincar era coisa de tolo
seus deveres são mais importantes,
essas bobagens não lhe podiam permitir
Suas visões da vida foram assombreadas
pelas nuvens do desencanto,
então anulava-se e escondia de
todos seu pranto,
sua única saída era isolar-se de tudo,
de todos, a descansar em seu canto.
Nadja Matoso - Delatora do amor