quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Interferência

Interferência

Ela conheceu a dor e a tristeza ainda criança,
concebeu sorrisos falsos 
escondidos por trás da beleza de suas tranças

Nos seus afazeres vertia insatisfação
dos seus olhos abatidos, na face languida
cada gota de suor lhe trazia a penosa 
agonia da injustiça, nomeada de obrigação

O cansaço lhe consumia o vigor
o acúmulo de responsabilidades lhe 
interferia a infância, no medo forjava
forças nas pressões a esperança

Sua voz não se ouvia,
pois certamente não davam valor, 
seus conceitos foram  mudando 
no desfazer da expectativa que na sua 
inocência, um dia criou

Direitos? pudera ela exigir?
brincar era coisa de tolo
seus deveres são mais importantes, 
essas bobagens não lhe podiam permitir 

Suas visões da vida foram assombreadas
pelas nuvens do desencanto,
então anulava-se e escondia de
todos seu pranto,
sua única saída era isolar-se de tudo,
de todos, a descansar em seu canto.

Nadja Matoso - Delatora do amor